Ribeira de Pena Online

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Localização: Ribeira de Pena, Portugal

Ribeirapenense por opção e devoção. Cidadão activo e participante na área da cultura e do desenvolvimento. Com opinião e ainda com uma réstea de esperança.

27 março 2006

A propósito de uma visita

OPINIÃO

Tive oportunidade de orientar e conduzir a visita camiliana que a Escola Secundária do Padrão da Légua realizou no passado sábado. E, sobre ela, gostaria de partilhar algumas reflexões.

Criei, em Ribeira de Pena, um circuito cultural que designei de “Roteiro Camiliano em Ribeira de Pena”. É constituído por sete locais de visita, todos eles ligados ao escritor através da sua vida ou, sobretudo, através da sua escrita. São locais com evidente valor patrimonial, cuja importância é enaltecida pela descrição que deles faz o escritor.
Para lá da concepção do produto, concebi alguns suportes de apoio a este circuito, flexíveis e eficazes. Um simples Desdobrável introduz toda a visita. Com mapa e imagens dos locais a visitar, foi concebido como elemento base de acesso ao circuito.
Para cada local de visita foram concebidos dois produtos. Junto aos edifícios, um Painel identificador do circuito, com elementos descritivos patrimoniais e excertos da obra de Camilo a ele alusivos. No interior dos edifícios, ou em pasta própria, existem Fichas de Visita, que dão ao visitante uma informação sobre o imóvel e permitem a leitura de textos de Camilo.
Finalmente, e prevendo que a curiosidade dos visitantes poderia ser despertada para a leitura dos textos de Camilo, preparei a edição dos “Contos ribeirapenenses de Camilo”, uma colectânea de três pequenos contos passados em Ribeira de Pena e que incluem os espaços geográficos visitados durante o circuito.

A Câmara Municipal, desde sempre se mostrou disponível e interessada neste projecto cultural. Editou o desdobrável e as fichas de visita, mandou fazer as placas identificadoras dos locais. Infelizmente, não completou o trabalho. Desdobrável e fichas de visita estão praticamente esgotadas e a necessitar de reedição. Das sete placas só cinco foram colocadas e apenas quatro permanecem nos locais. Os “Contos ribeirapenenses de Camilo” nunca foram dados à estampa. Nada que não se possa resolver, com vontade política e sensibilidade para um valor cultural. E crença na potencialidade de um circuito cultural para a promoção do turismo em Ribeira de Pena.

Mas independentemente do produto cultural concebido e dos suportes de informação e apoio que lhe correspondem, continua a faltar a “promoção e acompanhamento efectivo de um produto turístico” até agora manifestamente subaproveitado. Senão vejamos:
A Escola Secundária do Padrão da Légua, em Matosinhos, tendo tido acesso a informação sobre um produto que lhe interessava e que considerou original, contactou directamente a Câmara Municipal (referência óbvia) perguntando se esta lhes podia organizar a visita. A resposta foi negativa mas foi-lhes dada a indicação de que eu poderia fazê-lo.
Fui contactado no início do ano pelo telefone por uma professora daquela escola e, ao longo de cerca de dois meses fomos cuidando dos pormenores logísticos e técnicos que uma visita desta implica. Recorri à Câmara Municipal para apoio logístico e de documentação e obtive todas as facilidades.
Aparentemente, tudo parece perfeito. Mas não está e vejamos os equívocos.
Em primeiro lugar eu não me dedico à animação turística em termos profissionais. Não posso – não quero – assim, assegurar a realização do Circuito camiliano em termos comerciais. Que eu saiba, até hoje, nenhuma empresa de animação turística incluiu este circuito no seu leque de ofertas. Penso ser correcto dizer, portanto, que o Roteiro camiliano de Ribeira de Pena não tem, actualmente, ninguém que assegure a sua concretização organizada. A Câmara Municipal está pois condenada a informar os interessados de que não há quem organize as visitas, já que ela própria parece não querer assumir essa responsabilidade.
E poderia – deveria – assumi-la? No meu ponto de vista sim. Embora privilegie a iniciativa privada, acho que compete ao Município a promoção dos seus valores culturais e a criação de condições para a sua fruição. E, nesta segunda parte, inclui-se a organização, o apoio e o acompanhamento de visitas guiadas de grupos enquadrados. A serem efectuados por uns serviços culturais que, infelizmente, parecem não existir no concelho de Ribeira de Pena.

Quando faço as visitas camilianas, faço-o por gosto e por amor a Ribeira de Pena. Mas só faço as visitas que me surgem, de surpresa, no telemóvel ou no correio electrónico. E as que enquadram grupos que, à partida, são garantia de interesse como é o caso das escolas. Este ano, por exemplo, tenho cinco visitas camilianas marcadas. São cerca de 200 visitantes ao concelho. Mas se houvesse uma séria campanha de divulgação e de apoio, não poderiam ser feitas, em vez das minhas 5, umas 50 visitas por ano? Com mais de 2000 visitantes e a correspondente promoção do concelho?

Muito mais do que uma atitude reactiva, precisa-se em Ribeira de Pena de uma atitude pró-activa. Que envolve esforço, dedicação e entrega. Tenho esperança que esta atitude venha a ser assumida pelo Município e que no futuro, a uma solicitação de uma escola, seja imediatamente respondido – sim organizamos! Recorrendo a mim ou a alguém que seja formado para o efeito. Mais, que não se fique à espera de que o telefone toque, antes se desenvolva uma ampla campanha de divulgação de um circuito cultural único junto de escolas, universidades, associações culturais, instituições hoteleiras da região, agências de turismo. Um enorme mundo que, através de Camilo, se pode apaixonar por Ribeira de Pena.

Escola de matosinhos visita Camilo em Ribeira de Pena

INFORMAÇÃO

Um grupo de 45 professores da Escola Secundária do Padrão da Légua, em Matosinhos, esteve em Ribeira de Pena no passado sábado, dia 25 de Março, numa visita que intitulou “Os anos da juventude entre as encostas do Minho e de Trás-os-Montes”.
Depois de uma passagem pela Casa dos Brocas, em Vila Real, deslocaram-se até Vilarinho da Samardã para conhecerem a casa onde Camilo viveu com a irmã Carolina e para assistirem à leitura da exumação do cadáver da Maria do Adro, episódio romântico que Camilo escreveu nas “Duas Horas de Leitura”.
A visita ao Fojo do Lobo, na Samardã, teve de ser cancelada pois as chuvas intensas dos últimos dias tornaram intransitável o estradão de acesso ao local. É pena que nunca se tenha apostado num acesso mais eficaz a um tão significativo elemento do património rural transmontano, que Camilo acabou por imortalizar nas suas páginas. Uma jóia desaproveitada…
A visita prosseguiu no Castelo de Aguiar, espaço recentemente recuperado e preparado para a visita. Aí, contemplando o magnífico Vale de Aguiar, foram lidos episódios de “O Esqueleto” e dos “Mistérios de Lisboa” (a história do capitão de Vidoedo).
Depois de um lauto almoço já em Ribeira de Pena, o grupo visitou Friúme e a casa onde Camilo viveu com a sua jovem esposada, Joaquina Pereira de França. Depois foi a vez de visitar a Igreja Matriz do Salvador, imponente templo barroco onde Camilo se casou em 18 de Agosto de 1841.
Depois de atravessada a ponte de arame, que liga as duas margens do Tâmega entre a Ribeira e Santo Aleixo d’Além Tâmega e onde foi possível ouvir textos de Camilo inseridos na “Maria Moisés” e no sexto dos “Doze Casamentos Felizes”, o grupo terminou a visita em Bragadas, na casa do Barroso, cuja história Camilo ilustrou na “História de uma Porta”, conto que integra as “Noites de Lamego”.
Último dia do horário de Inverno, foi já com noite que o grupo abandonou a Ribeira, rumo ao Porto. Apaixonado pela paisagem e pelo fascínio da obra de Camilo. Com projectos de regressar.

07 março 2006

Uma casa até ao céu

INFORMAÇÃO

Ribeira de Pena possui uma construção que começa a ser conhecida internacionalmente como uma jóia da arquitectura moderna. Trata-se de uma casa construída em Alvite, que passa despercebida à maioria das pessoas e que espanta muitos dos que a contemplam, não habituados ao arrojo da modernidade.

“Uma casa até ao céu” é um título da revista Visão da passada semana, sob o tema arquitectura. Que refere o facto de a revista britânica Wallpaper ter dedicado um extenso artigo a esta casa construída em Alvite, designando-a como “uma escadaria para o céu”.
O dono, Luís Marinho, e a mulher herdaram em Alvite um terreno muito íngreme e pensaram aí fazer uma casa de férias. O projecto vai ser feito por Siza Vieira, não o pai afamado, mas o filho, Álvaro Leite Siza Vieira, que também tem atelier no Porto. A ideia concretizou-se numa enorme escadaria, que tem no meio uma casa. Um projecto arrojado, que já esteve na exposição “Descontinuidades” em São Paulo, no Brasil, e que irá surgir agora, segundo o artigo da Visão, em revistas de arquitectura de Nova Iorque, do Japão e da Polónia.
Um novo elemento do património de Ribeira de Pena que tem que ver com a modernidade.

Uma Assembleia pacífica

INFORMAÇÃO

A Assembleia Municipal que se realizou no passado dia 28 de Fevereiro revelou-se pacífica, tendo procedido à aprovação de todos os documentos propostos à discussão.

Aguardava-se com alguma curiosidade esta reunião, depois de em finais de 2005, na Assembleia Municipal que aprovou o Plano e Orçamento do Município para o corrente ano, o CDS-PP ter votado contra e apresentado uma declaração de voto em que manifestava a sua discordância com o exagero de despesa do documento. A gravidade do facto só poderá ser apreciada se se tiver em conta que o executivo camarário, eleito em Outubro, é suportado por uma coligação do PSD e do CDS-PP, partido este que elegeu um vereador que exerce a tempo inteiro. À partida, a medida revelou-se insólita. O Plano de Actividades e Orçamento foi votado no executivo municipal, obtendo os votos favoráveis dos elementos da coligação e sido aprovado como era de esperar após a maioria alcançada nas eleições. A mesma opinião pareceram não ter, porém, os três elementos do CDS-PP que têm lugar na Assembleia Municipal, um dos quais a presidente da Comissão concelhia do CDS-PP de Ribeira de Pena.
Esta atitude de um dos membros da coligação foi tanto mais grave quanto o PSD não terá tido conhecimento prévio dela, sendo totalmente surpreendido no momento da votação. E o documento só foi aprovado porque a oposição do PS decidira abster-se relativamente ao Plano e Orçamento, o que permitiu a sua aprovação.
O facto criou alguma instabilidade no seio da coligação e terá mesmo chegado a instâncias nacionais de ambos os partidos. Mas, aparentemente, nenhuma consequência provocou. O Vereador CDS no executivo mantém as suas funções, o que revela a confiança do Presidente e dos partidos de coligação. Ao mesmo tempo mantém a sua posição de preponderância no CDS-PP, continuando a trabalhar politicamente no seu seio. A Presidente da concelhia do CDS-PP e os restantes elementos na Assembleia mantêm-se sem que publicamente tenham justificado a sua atitude. Aparentemente, tudo continua como se nada se tivesse passado…

A Assembleia de 28 de Fevereiro veio confirmar este facto. A bancada da coligação manteve-se unida tendo votado em sintonia todos os documentos propostos a votação, articulando-se com o PSD na defesa das propostas e da prática do executivo.

O principal documento aprovado nesta Assembleia foi o “Regulamento Municipal de Incentivo à Natalidade”, que passa a regular a atribuição de um subsídio mensal de 200€ por cada criança nascida em Ribeira de Pena e integrada em família aí residente há, pelo menos 1 ano. A promessa mais visível da anterior campanha eleitoral autárquica, perfilhada então pela Coligação PSD/CDS-PP e pelo Partido Socialista.
Foi ainda aprovado o “Regulamento Municipal de Apoio à Recuperação de Habitações Degradadas” e que pretende disciplinar a intervenção de apoio municipal na recuperação de habitação, quer a nível de fornecimento de mão-de-obra quer de materiais de construção.
A Assembleia Municipal aprovou também uma alteração ao “Regulamento Municipal de Atribuição de Bolsas de Estudo” que estende aquele benefício, em condições excepcionais de extrema carência, a alunos do ensino secundário.
Para além destes documentos, a Assembleia Municipal pronunciou-se ainda sobre o “interesse público” na instalação de um estabelecimento hoteleiro na Quinta do Bucheiro, a levar a efeito pela empresa Pena Palace - Empreendimentos Hoteleiros e Turísticos, S.A. Um empreendimento amplamente divulgado em Agosto último, por ocasião da Feira do Linho, e que pretende concretizar uma unidade hoteleira com a capacidade de 80 quartos, salas de conferência e reuniões, restaurante e bar, SPA e piscina interior.

Todos os documentos presentes à Assembleia Municipal foram aprovados por maioria, suportada pelos elementos da Coligação e com a abstenção da bancada de oposição do PS.