A propósito de uma visita
OPINIÃO
Tive oportunidade de orientar e conduzir a visita camiliana que a Escola Secundária do Padrão da Légua realizou no passado sábado. E, sobre ela, gostaria de partilhar algumas reflexões.
Criei, em Ribeira de Pena, um circuito cultural que designei de “Roteiro Camiliano em Ribeira de Pena”. É constituído por sete locais de visita, todos eles ligados ao escritor através da sua vida ou, sobretudo, através da sua escrita. São locais com evidente valor patrimonial, cuja importância é enaltecida pela descrição que deles faz o escritor.
Para lá da concepção do produto, concebi alguns suportes de apoio a este circuito, flexíveis e eficazes. Um simples Desdobrável introduz toda a visita. Com mapa e imagens dos locais a visitar, foi concebido como elemento base de acesso ao circuito.
Para cada local de visita foram concebidos dois produtos. Junto aos edifícios, um Painel identificador do circuito, com elementos descritivos patrimoniais e excertos da obra de Camilo a ele alusivos. No interior dos edifícios, ou em pasta própria, existem Fichas de Visita, que dão ao visitante uma informação sobre o imóvel e permitem a leitura de textos de Camilo.
Finalmente, e prevendo que a curiosidade dos visitantes poderia ser despertada para a leitura dos textos de Camilo, preparei a edição dos “Contos ribeirapenenses de Camilo”, uma colectânea de três pequenos contos passados em Ribeira de Pena e que incluem os espaços geográficos visitados durante o circuito.
A Câmara Municipal, desde sempre se mostrou disponível e interessada neste projecto cultural. Editou o desdobrável e as fichas de visita, mandou fazer as placas identificadoras dos locais. Infelizmente, não completou o trabalho. Desdobrável e fichas de visita estão praticamente esgotadas e a necessitar de reedição. Das sete placas só cinco foram colocadas e apenas quatro permanecem nos locais. Os “Contos ribeirapenenses de Camilo” nunca foram dados à estampa. Nada que não se possa resolver, com vontade política e sensibilidade para um valor cultural. E crença na potencialidade de um circuito cultural para a promoção do turismo em Ribeira de Pena.
Mas independentemente do produto cultural concebido e dos suportes de informação e apoio que lhe correspondem, continua a faltar a “promoção e acompanhamento efectivo de um produto turístico” até agora manifestamente subaproveitado. Senão vejamos:
A Escola Secundária do Padrão da Légua, em Matosinhos, tendo tido acesso a informação sobre um produto que lhe interessava e que considerou original, contactou directamente a Câmara Municipal (referência óbvia) perguntando se esta lhes podia organizar a visita. A resposta foi negativa mas foi-lhes dada a indicação de que eu poderia fazê-lo.
Fui contactado no início do ano pelo telefone por uma professora daquela escola e, ao longo de cerca de dois meses fomos cuidando dos pormenores logísticos e técnicos que uma visita desta implica. Recorri à Câmara Municipal para apoio logístico e de documentação e obtive todas as facilidades.
Aparentemente, tudo parece perfeito. Mas não está e vejamos os equívocos.
Em primeiro lugar eu não me dedico à animação turística em termos profissionais. Não posso – não quero – assim, assegurar a realização do Circuito camiliano em termos comerciais. Que eu saiba, até hoje, nenhuma empresa de animação turística incluiu este circuito no seu leque de ofertas. Penso ser correcto dizer, portanto, que o Roteiro camiliano de Ribeira de Pena não tem, actualmente, ninguém que assegure a sua concretização organizada. A Câmara Municipal está pois condenada a informar os interessados de que não há quem organize as visitas, já que ela própria parece não querer assumir essa responsabilidade.
E poderia – deveria – assumi-la? No meu ponto de vista sim. Embora privilegie a iniciativa privada, acho que compete ao Município a promoção dos seus valores culturais e a criação de condições para a sua fruição. E, nesta segunda parte, inclui-se a organização, o apoio e o acompanhamento de visitas guiadas de grupos enquadrados. A serem efectuados por uns serviços culturais que, infelizmente, parecem não existir no concelho de Ribeira de Pena.
Quando faço as visitas camilianas, faço-o por gosto e por amor a Ribeira de Pena. Mas só faço as visitas que me surgem, de surpresa, no telemóvel ou no correio electrónico. E as que enquadram grupos que, à partida, são garantia de interesse como é o caso das escolas. Este ano, por exemplo, tenho cinco visitas camilianas marcadas. São cerca de 200 visitantes ao concelho. Mas se houvesse uma séria campanha de divulgação e de apoio, não poderiam ser feitas, em vez das minhas 5, umas 50 visitas por ano? Com mais de 2000 visitantes e a correspondente promoção do concelho?
Muito mais do que uma atitude reactiva, precisa-se em Ribeira de Pena de uma atitude pró-activa. Que envolve esforço, dedicação e entrega. Tenho esperança que esta atitude venha a ser assumida pelo Município e que no futuro, a uma solicitação de uma escola, seja imediatamente respondido – sim organizamos! Recorrendo a mim ou a alguém que seja formado para o efeito. Mais, que não se fique à espera de que o telefone toque, antes se desenvolva uma ampla campanha de divulgação de um circuito cultural único junto de escolas, universidades, associações culturais, instituições hoteleiras da região, agências de turismo. Um enorme mundo que, através de Camilo, se pode apaixonar por Ribeira de Pena.
Tive oportunidade de orientar e conduzir a visita camiliana que a Escola Secundária do Padrão da Légua realizou no passado sábado. E, sobre ela, gostaria de partilhar algumas reflexões.
Criei, em Ribeira de Pena, um circuito cultural que designei de “Roteiro Camiliano em Ribeira de Pena”. É constituído por sete locais de visita, todos eles ligados ao escritor através da sua vida ou, sobretudo, através da sua escrita. São locais com evidente valor patrimonial, cuja importância é enaltecida pela descrição que deles faz o escritor.
Para lá da concepção do produto, concebi alguns suportes de apoio a este circuito, flexíveis e eficazes. Um simples Desdobrável introduz toda a visita. Com mapa e imagens dos locais a visitar, foi concebido como elemento base de acesso ao circuito.
Para cada local de visita foram concebidos dois produtos. Junto aos edifícios, um Painel identificador do circuito, com elementos descritivos patrimoniais e excertos da obra de Camilo a ele alusivos. No interior dos edifícios, ou em pasta própria, existem Fichas de Visita, que dão ao visitante uma informação sobre o imóvel e permitem a leitura de textos de Camilo.
Finalmente, e prevendo que a curiosidade dos visitantes poderia ser despertada para a leitura dos textos de Camilo, preparei a edição dos “Contos ribeirapenenses de Camilo”, uma colectânea de três pequenos contos passados em Ribeira de Pena e que incluem os espaços geográficos visitados durante o circuito.
A Câmara Municipal, desde sempre se mostrou disponível e interessada neste projecto cultural. Editou o desdobrável e as fichas de visita, mandou fazer as placas identificadoras dos locais. Infelizmente, não completou o trabalho. Desdobrável e fichas de visita estão praticamente esgotadas e a necessitar de reedição. Das sete placas só cinco foram colocadas e apenas quatro permanecem nos locais. Os “Contos ribeirapenenses de Camilo” nunca foram dados à estampa. Nada que não se possa resolver, com vontade política e sensibilidade para um valor cultural. E crença na potencialidade de um circuito cultural para a promoção do turismo em Ribeira de Pena.
Mas independentemente do produto cultural concebido e dos suportes de informação e apoio que lhe correspondem, continua a faltar a “promoção e acompanhamento efectivo de um produto turístico” até agora manifestamente subaproveitado. Senão vejamos:
A Escola Secundária do Padrão da Légua, em Matosinhos, tendo tido acesso a informação sobre um produto que lhe interessava e que considerou original, contactou directamente a Câmara Municipal (referência óbvia) perguntando se esta lhes podia organizar a visita. A resposta foi negativa mas foi-lhes dada a indicação de que eu poderia fazê-lo.
Fui contactado no início do ano pelo telefone por uma professora daquela escola e, ao longo de cerca de dois meses fomos cuidando dos pormenores logísticos e técnicos que uma visita desta implica. Recorri à Câmara Municipal para apoio logístico e de documentação e obtive todas as facilidades.
Aparentemente, tudo parece perfeito. Mas não está e vejamos os equívocos.
Em primeiro lugar eu não me dedico à animação turística em termos profissionais. Não posso – não quero – assim, assegurar a realização do Circuito camiliano em termos comerciais. Que eu saiba, até hoje, nenhuma empresa de animação turística incluiu este circuito no seu leque de ofertas. Penso ser correcto dizer, portanto, que o Roteiro camiliano de Ribeira de Pena não tem, actualmente, ninguém que assegure a sua concretização organizada. A Câmara Municipal está pois condenada a informar os interessados de que não há quem organize as visitas, já que ela própria parece não querer assumir essa responsabilidade.
E poderia – deveria – assumi-la? No meu ponto de vista sim. Embora privilegie a iniciativa privada, acho que compete ao Município a promoção dos seus valores culturais e a criação de condições para a sua fruição. E, nesta segunda parte, inclui-se a organização, o apoio e o acompanhamento de visitas guiadas de grupos enquadrados. A serem efectuados por uns serviços culturais que, infelizmente, parecem não existir no concelho de Ribeira de Pena.
Quando faço as visitas camilianas, faço-o por gosto e por amor a Ribeira de Pena. Mas só faço as visitas que me surgem, de surpresa, no telemóvel ou no correio electrónico. E as que enquadram grupos que, à partida, são garantia de interesse como é o caso das escolas. Este ano, por exemplo, tenho cinco visitas camilianas marcadas. São cerca de 200 visitantes ao concelho. Mas se houvesse uma séria campanha de divulgação e de apoio, não poderiam ser feitas, em vez das minhas 5, umas 50 visitas por ano? Com mais de 2000 visitantes e a correspondente promoção do concelho?
Muito mais do que uma atitude reactiva, precisa-se em Ribeira de Pena de uma atitude pró-activa. Que envolve esforço, dedicação e entrega. Tenho esperança que esta atitude venha a ser assumida pelo Município e que no futuro, a uma solicitação de uma escola, seja imediatamente respondido – sim organizamos! Recorrendo a mim ou a alguém que seja formado para o efeito. Mais, que não se fique à espera de que o telefone toque, antes se desenvolva uma ampla campanha de divulgação de um circuito cultural único junto de escolas, universidades, associações culturais, instituições hoteleiras da região, agências de turismo. Um enorme mundo que, através de Camilo, se pode apaixonar por Ribeira de Pena.
1 Comments:
Pois é! E assim vai a nossa cultura!É que essa actividade não dá votos!Já minha avó dizia"mais triste que não saber é não querer saber".Os visitantes não votam lá.Mas não desista e vá, "carolando", mostrando o que ainda há de interesse nessa terra!
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