Ribeira de Pena Online

Ribeira de Pena Online pretende divulgar informação e opinião sobre Ribeira de Pena e as suas gentes

Nome:
Localização: Ribeira de Pena, Portugal

Ribeirapenense por opção e devoção. Cidadão activo e participante na área da cultura e do desenvolvimento. Com opinião e ainda com uma réstea de esperança.

25 novembro 2006

Estrada de Cerva alargada e rectificada

OPINIÃO




O troço da Estrada 312, entre Santa Eulália e Cerva sofreu grandes alterações. O antigo percurso, sinuoso e estreito, há muito que era contestado pelas populações. Portugal, o país que tem mais Mercedes por habitante, detesta estradas sinuosas e estreitas. Nisso somos radicalmente diferentes de países “subdesenvolvidos” como a Inglaterra e a Irlanda, onde as estradas do interior, impecavelmente asfaltadas, mal dão para se cruzarem dois carros. E por lá, se qualquer poder público se lembrasse de atravessar a montanha ou os campos com largas estradas, de cortes vibrantes e viadutos imponentes, seria corrido pelas populações que não tolerariam essa ofensa ao ambiente e à paisagem.
Mas nós, por esse Portugal fora, como desenvolvidos assumidos, adoramos os bulldozers, os cortes imponentes nas montanhas, os viadutos impressionantes… E adoramos acelerar com as nossas “máquinas”, prolongamento efectivo dos nossos “egos”. Somos assim, não há volta a dar…

Pois bem, o troço de Santa Eulália a Cerva transformou-se. Em primeiro lugar quase duplicou a largura do piso. Depois, porque privou os utentes de meia dúzia de curvas e acabou por encurtar aí uns 5 minutos na ligação. O que nos dias de hoje não é de menosprezar.
Ficaram rasgões na montanha? Mas que interessa isso? Aliás não são bonitos? E não é prova de empreendedorismo, de rasgo, de saber fazer em grande?
Duvido que o projecto tenha sido alvo de estudo ambiental. Mas até poderá ter sido – a A7 não o teve, com os rasgões que introduziu no vale de Cerva? Mas afinal que interessa?
O que é certo é que já podemos acelerar para Cerva. Ainda falta a camada final de asfalto e a sinalização horizontal. Quando tudo estiver pronto vai ser um gosto acelerar pelas novas curvas do Mourão. Pena não se terem deitado abaixo algumas casas de Alvite e da entrada de Cerva para não termos de travar nesses incongruentes estrangulamentos.

Continua a chover, e eu continuo azedo. É declaradamente do tempo!

22 novembro 2006

Em Ribeira de Pena não se passa nada...

OPINIÃO

Venho agora menos vezes a Ribeira de Pena. Para quem, aos 22 anos, descobriu que a Ribeira era efectivamente a “sua” terra e aos 37 anos chegou à conclusão que mais do que o sonho de “morrer em Ribeira de Pena” o que importava era “viver em Ribeira de Pena”, o facto revela-se estranho e difícil de explicar. Os amigos estranham e penso que solucionaram esta dúvida existencial com a desculpa fácil da doença.
Mas não, não é a doença que me separa de Ribeira de Pena. Em primeiro lugar é o facto de ter constituído família longe daqui e prezar como nunca prezei antes a sua companhia – e o conforto da sua companhia. Mas até isso, confesso, não chegaria para me afastar, cada vez mais, da Ribeira. Confesso que o que me afasta é o lento afastamento a que os poderes públicos locais me devotaram. Ao fim de cinco anos, é claro que sou carta fora do baralho e que a minha actividade na área da cultura ou na área da comunicação declaradamente não são desejadas. Custou-me a perceber mas, finalmente, é claro para mim.
Estou portanto condenado a oferecer a minha criatividade noutras bandas e a limitar-me a vir abrir a porta de casa de vez em quando, a comer os petiscos da D. Lurdes no Cantinho do Churrasco e a encontrar um ou outro amigo pelas esquinas da vila. E a perguntar, invariavelmente, pelas novidades.
Que não há, que está tudo na mesma, que aqui não se passa nada… é a resposta invariável. Geralmente acompanhada de um ar conformado de quem não acredita que outra coisa fosse possível.
E esta é a segunda condenação – não chegando o facto de me ver cada vez mais afastado da Ribeira – fico condenado a não ter que falar sobre ela. Porque na Ribeira, dizem-me - e juram a pés juntos – não se passa nada.

Bem, não é bem assim. Hoje soube que no Domingo, em Santa Marinha, a Junta de Freguesia promoveu um Magusto para a comunidade. Não soube, não estive, mas não posso deixar de elogiar. É assim que se mobilizam as pessoas e se cria espírito de comunidade.
E também me disseram de várias fontes que andam por aí os missionários. Recuso-me a divulgar os termos desta revelação, mas filtrados os comentários, as paróquias locais estão “em Missão”, com a intervenção de um grupo de religiosos e de leigos que visam vivificar a fé católica junto da comunidade. E como não é habitual, as pessoas referem a novidade, envolvendo-a muitas vezes nas suas próprias ficções.

Ah, para quem não está em Ribeira de Pena, que saibam que chove, o céu carrega-se de cinzento, as neblinas são constantes. A Ribeira assim é triste, quase soturna. Se calhar vou-me embora sem ver um raio de sol. Talvez por isso o discurso negativo. É isso, o que me faz falta é o sol!...

01 novembro 2006

Dois comentários a textos do Blog

OPINIÃO

Os comentários que os leitores colocam no blog ficam, discretos, e acessíveis apenas a curiosos que decidam clicar na minúscula ligação “1 coments” que figura no final do texto.
O meu blog não é muito visitado (ao fim de um ano ultrapassei agora os 2000 visitantes). E não é muito comentado… Por isso compreenderão que eu valorize as mensagens de comentários que recebo, enviadas directamente para o meu email pelo serviço do servidor do Blogger.
E hoje, neste último de Outubro (dia das bruxas, quem sabe a relação?...), caíram no meu email duas mensagens de comentário que eu decido evidenciar num “post” próprio.

Vamos à primeira:
Em 20 de Abril, já lá vão 6 meses, publiquei no blog um texto sob o título “Publicação anónima surge em Ribeira de Pena”. Para além da notícia do aparecimento de uma publicação virtual (difundida por email) denominada “Penato atento”, colocava-me frontalmente contra a circunstância de a mesma se apresentar – conscientemente – anónima.
Esse texto mereceu hoje o comentário que se segue, subscrito por M. Sabroso:

"Não se entende esta incongruência no discurso de tão opinativo e ilustre Ribeirapenense! Se, como o subscritor ressalva, os factos relatados são verídicos, não necessita vir a público e fazer a defesa da pureza da virgem. Como muito bem sabe quem vive em Ribeira de Pena, a perseguição não se move a quem diz falsidades, mas sim a quem ousa dizer verdades que de algum modo atinjam o stautus quo político vigente. Não se censure portanto quem, apesar de não possuir um estatuto de independência que lhe permita assumir a paternidade do que escreve sem sofrer represálias, tem a preocupação cívica de denunciar o que entende serem atropelos e má utilização dos recursos municipais. Se a preocupação do subscritor é a interpretação pessoal que o autor de tal folhetim faz dos factos que relata, e o reflexo que isso pode ter nos munícipes, também neste particular não se deve ralar. Os Ribeirapenenses são, ou deviam ser, pessoas esclarecidas, capazes de, por moto próprio, retirarem as conclusões que julguem adequadas dos FACTOS que lhes são apresentados. Isto apesar de alguns opinion makers não se conformarem com isso! M. Sabroso"

Se é que eu sei de quem se trata, permitir-me-á o Sr. Sabroso alguns comentários, normais para quem pertence mais à geração dos pais do que à dele.
1. Aos 56 anos de idade, uma das muitas coisas que aprendi foi a relativizar o valor das “virgens” ou da sua pureza. Com o tempo, aprendi a valorizar muito mais a experiência e a sabedoria, em detrimento de sensaboronas virgindades…
2. O que não suporto, francamente, é o fácil anonimato de “quem não tem um estatuto de independência que lhe permita assumir a paternidade do que escreve sem sofrer represálias…”. Aliás, não suporto nenhum anonimato em atitudes públicas. Preconceito meu, dirá. Eu prefiro chamar-lhe integridade. Mas, claro, presunção e água benta, cada um toma a que quer...
A propósito, permita-me que lhe conte uma história de infância – da minha, fique descansado. Deveria ter aí uns 15 ou 16 anos, vivia então em Braga, cidade quase aldeia mas que já tinha prédios de andares, com pequenas baterias de campainhas à porta. Um grupo de colegas, estudantes como eu, resolveu brincar ao “toca e foge”. Passados alguns segundos começaram a assumir cabeças às janelas do prédio (ainda não havia a sofisticação dos intercomunicadores…). Cá em baixo, à porta, fiquei só eu. Não tinha tido a ideia, não tinha tocado à campainha, mas não fui capaz de fugir. Também não me desculpei com ninguém, fiquei só ali, a pedir desculpa às caras mal dispostas que lentamente começaram a fechar as janelas. Os colegas chamaram-me parvo quando os reencontrei pouco depois e me perguntaram porque não tinha fugido. Não lhes consegui explicar então o que para mim era evidente – que nos bons e nos maus momentos, independentemente das consequências, teremos sempre que assumir a consequência dos nossos actos. Não é isso, aliás, o que a sociedade consigna na lei?
3. Inscrevi o meu endereço para receber o “Penato atento” e tenho no meu arquivo 5 números que me foram enviados. Há meses que não o recebo. O “autor do folhetim”, deixou de “interpretar” os factos? Ou pura e simplesmente deixou de os publicar? Ou deixou porventura de ter factos? Questões que gostaria de lhe colocar directamente, isto, claro, se eu soubesse quem era…
4. Uma coisa que aprendi nos muitos anos de escrita foi a usar cuidadosamente os adjectivos. Principalmente a não me servir deles para pretensas ironias. Coisa que recomendo vivamente a quem tiver a paciência de me ouvir – ou de me ler.

Passemos então ao segundo comentário:
O texto é ainda mais antigo e o comentário que hoje me chegou (colocado em 17/10), vem assinado por João Ferreira, com endereço brasileiro. Pessoa que estimo e que gostaria de chamar amigo se uma maior convivência o permitisse, o que justifica a opinião e as palavras de elogio. Trata-se de um natural de Agunchos, catedrático jubilado de Filosofia em Brasília, bom poeta, com livros publicados e referenciados internacionalmente, e um dos muitos ribeirapenenses da diáspora que Ribeira de Pena não aproveita – não sabe aproveitar.
E não faço comentários ao que João Ferreira refere porque, afinal, não podia estar mais de acordo…

"Já que cheguei aqui, quase casualmente, conduzido pelo sopro do Espírito Santo, gostaria de deixar um recado. O senhor Francisco Botelho é um dos maiores conhecedores e especialistas de tudo o que diz respeito ao patrimônio cultural do concelho de Ribeira de Pena, em Trás-os-Montes. Já pude usufruir deste seu conhecimento e desta sua competência no assunto, pois participei, em 2004, de uma especial caminhada pelos lugares camilianos transmontanos que ele mesmo orientou e dirigiu. Na segunda parte dessa caminhada e visita aos lugares camilianos, Francisco Botelho, elaborou um roteiro especial para mostrar os lugares do concelho de Ribeira de Pena ligados à vida de Camilo ou citados ou descritos em suas obras. A complementar tudo isto seria para desejar que a Câmara Municipal de Ribeira de Pena criasse um Projeto turístico ainda mais amplo, com divulgação a nível nacional e internacional, que tivesse como espinha dorsal este roteiro camiliano. Criado o projeto, seria natural que o coordenador deste projeto fosse o dr. Francisco Botelho, pessoa que tem dado todas as provas de ser um grande conhecedor e um excelente embaixador da cultura das várias localidades que compõem o concelho. Com a execução do projeto, muitas mais visitas nacionais e internacionais poderiam ser encaminhadas para estas bandas transmontanas, podendo ainda serem associados ao plano, outros pontos de interesse do concelho como seria a montra artesanal do município, com especial enfoque para artigos de linho, e outros artigos próprios da tradição da terra. Tudo isto, no quadro do interesse local, cultural,turístico, político, comercial, social e representativo da terra.Porto, 17 de outubro de 2006E-mail: joaofen@uol.com.br --Posted by João Ferreira to Ribeira de Pena Online at 10/17/2006" 05:15:47 PM