Ribeira de Pena Online

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Localização: Ribeira de Pena, Portugal

Ribeirapenense por opção e devoção. Cidadão activo e participante na área da cultura e do desenvolvimento. Com opinião e ainda com uma réstea de esperança.

22 novembro 2006

Em Ribeira de Pena não se passa nada...

OPINIÃO

Venho agora menos vezes a Ribeira de Pena. Para quem, aos 22 anos, descobriu que a Ribeira era efectivamente a “sua” terra e aos 37 anos chegou à conclusão que mais do que o sonho de “morrer em Ribeira de Pena” o que importava era “viver em Ribeira de Pena”, o facto revela-se estranho e difícil de explicar. Os amigos estranham e penso que solucionaram esta dúvida existencial com a desculpa fácil da doença.
Mas não, não é a doença que me separa de Ribeira de Pena. Em primeiro lugar é o facto de ter constituído família longe daqui e prezar como nunca prezei antes a sua companhia – e o conforto da sua companhia. Mas até isso, confesso, não chegaria para me afastar, cada vez mais, da Ribeira. Confesso que o que me afasta é o lento afastamento a que os poderes públicos locais me devotaram. Ao fim de cinco anos, é claro que sou carta fora do baralho e que a minha actividade na área da cultura ou na área da comunicação declaradamente não são desejadas. Custou-me a perceber mas, finalmente, é claro para mim.
Estou portanto condenado a oferecer a minha criatividade noutras bandas e a limitar-me a vir abrir a porta de casa de vez em quando, a comer os petiscos da D. Lurdes no Cantinho do Churrasco e a encontrar um ou outro amigo pelas esquinas da vila. E a perguntar, invariavelmente, pelas novidades.
Que não há, que está tudo na mesma, que aqui não se passa nada… é a resposta invariável. Geralmente acompanhada de um ar conformado de quem não acredita que outra coisa fosse possível.
E esta é a segunda condenação – não chegando o facto de me ver cada vez mais afastado da Ribeira – fico condenado a não ter que falar sobre ela. Porque na Ribeira, dizem-me - e juram a pés juntos – não se passa nada.

Bem, não é bem assim. Hoje soube que no Domingo, em Santa Marinha, a Junta de Freguesia promoveu um Magusto para a comunidade. Não soube, não estive, mas não posso deixar de elogiar. É assim que se mobilizam as pessoas e se cria espírito de comunidade.
E também me disseram de várias fontes que andam por aí os missionários. Recuso-me a divulgar os termos desta revelação, mas filtrados os comentários, as paróquias locais estão “em Missão”, com a intervenção de um grupo de religiosos e de leigos que visam vivificar a fé católica junto da comunidade. E como não é habitual, as pessoas referem a novidade, envolvendo-a muitas vezes nas suas próprias ficções.

Ah, para quem não está em Ribeira de Pena, que saibam que chove, o céu carrega-se de cinzento, as neblinas são constantes. A Ribeira assim é triste, quase soturna. Se calhar vou-me embora sem ver um raio de sol. Talvez por isso o discurso negativo. É isso, o que me faz falta é o sol!...