Ribeira de Pena Online

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Localização: Ribeira de Pena, Portugal

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08 julho 2006

O circo desceu à cidade...

OPINIÃO

A partir de hoje e durante o fim-de-semana, Ribeira de Pena tem circo. Alguns cartazes chamam-lhe “Magic Circus”, outros “Universal Circus”. Pouco interessa, como pouco interessa que muitos cartazes garantam assegurar um “potente aquecimento”. O que vale, nestas coisas, é o insólito de ver a grande tenda montada, com os camiões TIR à volta e, pasme-se, uma gaiola com animais.
Pela primeira vez o circo instalou-se ao fundo da Rua Camilo Castelo Branco, no início do acesso a Friúme, num largo conquistado por recentes aterros. Um espaço amplo, com estacionamento, que certamente servirá da melhor forma aos artistas, provavelmente decadentes, de um circo que roda pelas periferias.
Mas que interesse tem isso? O fascínio do Circo resiste a tudo e tem o condão de persistir na memória de crianças, jovens e adultos. O espaço tenda com bancos corridos, a arena colorida, as luzes feéricas, os maillots lustrosos das mulheres, os corpos atléticos dos homens. Os palhaços, os animais. Os trapezistas, lá nas alturas. Horas que passam rápido, mesmo quando os artistas são de segunda.

De passagem pela Ribeira, apreciei a montagem do circo. E as corridas das crianças, a espreitar o movimento e a azáfama dos trabalhadores. E lembrei-me…
Lembrei-me que devia ter aí uns seis anos quando pela primeira vez o meu pai me levou ao circo. Precisamente em Ribeira de Pena. Nessa altura, o circo foi instalado no antigo campo da feira, onde agora está instalado o mercado municipal. Campo que também foi de futebol, mesmo que ostentasse um poste de electricidade no meio. Mas foi nesse amplo largo que então o circo montou a tenda. Pequena, que os tempos eram outros. Mas para a criança que eu era, aquele foi um dos maiores acontecimentos da curta vida. Gostei das trapezistas, ri-me como nunca mais com os palhaços mas, sobretudo, fiquei fascinado com o atleta das argolas. Era velho, cabelos brancos e de estatura pequena. Os músculos saltavam-lhe da roupa e nas argolas não deixou de fazer o Cristo, braços trémulos mas firmes. Ainda hoje consigo ver essa imagem de força física.
Acho que sempre que fui ao circo, ao longo da vida, recuperei o fascínio dessa velha visita, nos idos de cinquenta. Espero que este fim-de-semana, em Ribeira de Pena, outras crianças possam deslumbrar-se com o insólito e a diferença que lhes possa alimentar o sonho.