Geminação com Cabrália
Confirmei no documento de geminação que está patente no Gabinete de Apoio à Presidência, na Câmara de Ribeira de Pena - a geminação entre Ribeira de Pena e Santa Cruz Cabrália foi celebrada a 25 de Abril de 1992 e assinada pelo então Presidente João José Alves Pereira e pelo Prefeito de Santa Cruz, Filogônio Santos Alcântara. Faz hoje precisamente 14 anos. Para que conste!
OPINIÃO - Impressões pessoais
Tinha-nos sido entregue um extenso programa de actividades para aquele dia 22 de Abril de 1991. Desde a formação do cortejo junto aos Paços do Concelho até à réplica da Celebração da primeira Missa no Brasil. Para nós, que nos deslocávamos pela primeira vez a Porto Seguro, a convite da Prefeitura e da organização das comemorações da descoberta do Brasil, o cumprimento do programa era sagrado. Não seria pois de estranhar a ansiedade causada pelas ligações aéreas - o avião só nos colocava em Porto Seguro às 08.30h e o programa era peremptório, as festividades começavam às 08.00h. No hotel, em Salvador, o Presidente e eu combinámos ir já preparados para a cerimónia, fazendo a viagem de fato e gravata. Eu tinha apenas um fato de fazenda, que transportara escrupulosamente em função da representação. Sofri com o calor dos trópicos, transpirei toda a viagem.
Em Porto Seguro saímos para a plataforma com bagagens volumosas. Perante os olhares curiosos de quantos admiravam o insólito de gente de fato e gravata. Era pressuposto que as entidades de Porto Seguro nos esperassem no aeroporto, para nos conduzirem às festividades programadas. Na sala do aeroporto, pequena e colorida, ninguém formal que nos parecesse esperar. Comentámos entre nós, indecisos, que ainda não teriam chegado. Alguns momentos depois dirigiu-se alguém perguntando se éramos os portugueses. Fomos apresentados ao Prefeito de Porto Seguro, a Vereadores e Secretários da Prefeitura. Estavam todos de calção, tshirt e sandálias. Explicámos que, como chegávamos atrasados, tínhamos resolvido vir já vestidos para a função. Foi-nos dito que não havia problema, que chegaríamos a tempo de tudo, e que faziam questão de que fossemos pôr-nos à vontade, pelo que nos levariam à pousada onde ficaríamos alojados.
Quando nos deixaram, prometendo retomar-nos meia hora depois, comentámos entre nós que não fazia sentido ir de fato e gravata às cerimónias. Por isso, alegremente, vesti uma camisa leve e umas calças práticas. Saímos da pousada para a Prefeitura de Porto Seguro descontraídos e deslumbrados com a paisagem que se nos deparava. E excitados pelo significado de, quase quinhentos anos depois, representarmos os portugueses de Cabral que aportaram àquelas terras.
Quando nos conduziram ao Salão Nobre da Prefeitura, fomos recebidos por todas as entidades impecávelmente vestidas nos seus fatos escuros. Envergonhados comentámos para o Comendador António Barros que nos conduzia - mas então disseram-nos para ir vestir qualquer coisa prática...
Alguém nos explicou mais tarde o que se havia passado. As individualidades que nos haviam recebido no aeroporto em calções e sandálias, vendo-nos de fato, haviam corrido pressurosas a casa para vestirem o único fato que usavam nas grandes solenidades. Para não destoarem...