Sucesso no Karaté

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A auto estima dos ribeirapenenses não é brilhante. Olham para a sua terra com o sentimento generalizado é de que a terra nada vale, que na terra nada se faz, que a terra não tem futuro. Os jovens crescem a sonhar com os “paraísos” das cidades e com a possibilidade de, um dia, encontrarem o futuro noutras terras. A beleza e as potencialidades da Ribeira raramente são enxergadas pelos naturais, que esboçam esgares de estranheza quando alguém de fora se deslumbra com a paisagem, com a harmonia, com a qualidade de vida. Sina das terras pequenas?

E, no entanto, sempre que se investe no trabalho, na persistência, no profissionalismo, os ribeirapenenses são capazes de demonstrar a sua fibra e assumir-se a par dos mais dotados. É minha convicção que temos condições para nos afirmar entre os melhores e para construir um grande futuro. Não sem esforço. Não sem trabalho.

Noticiámos há tempos um encontro nacional de Karaté em Ribeira de Pena, com organização da Câmara Municipal e da escola entretanto constituída no concelho. Os comentários que surgiram foram altamente elogiosos (à excepção de um que anotava algumas carências da organização) e começa a falar-se na possibilidade de, no próximo ano, aqui se poder vir a realizar uma prova oficial de nível nacional. Bons sinais da excelência da Ribeira.

A alma do Karaté em Ribeira de Pena é João Alves, “sensei” (cinturão negro) na modalidade. Um homem de Mondim de Basto que encontrou em Cerva e em Ribeira de Pena a oportunidade de expandir os seus conhecimentos. A instrução que ministra é de “Gojo-Ryo”, uma das quatro modalidades do Karaté moderno. Iniciada a instrução em Cerva há 5 anos, mantém naquela vila em actividade duas vezes por semana uma quinzena de atletas, dos 7 aos 30 anos. Em Ribeira de Pena a escola é mais recente, tem dois anos, envolvendo cerca de vinte alunos. Mas as aulas não se limitam ao concelho, ao sábado João Alves leva os seus pupilos até ao Porto, para lhes proporcionar um contacto alargado a outros praticantes. Uma actividade intensa que encontra um apoio sério e empenhado na Câmara Municipal, que o instrutor não se cansa de evidenciar.

2007 foi um ano marcante na prática de karaté em Ribeira de Pena. A preocupação de João Alves foi preparar um grupo de atletas que pudessem participar nas competições oficiais da modalidade. Foi assim que os atletas de Ribeira de Pena participaram em Fevereiro nos Regionais em Pré-Infantil, Infantil, Iniciados e Juvenis. Entre os 12 participantes de Ribeira de Pena, competindo num conjunto de 128, trouxeram um 5º lugar, com mais dois atletas a ficarem entre os oito primeiros. Nada mal.

Em Abril, a participação foi já a nível nacional, em Alcabideche. É aí que desponta uma estrela, Carlos Moura, estudante da Escola de Cerva de 14 anos, actuando em Juvenis. Ganhando os dois primeiros combates e cedendo no terceiro, ficou entre os oito primeiros, revelando-se uma esperança na modalidade. Carlos Moura pratica há ano e meio e sente-se cada vez mais estimulado para a prática do “Gojo-Ryo”. Nos seus olhos vislumbra-se a ambição de ir ainda mais longe. Como os seus colegas Ivan e Tatiana que com ele partilham o desejo de ir ainda mais longe no futuro.

Em Abril, na Maia, os atletas de Ribeira de Pena participaram ainda num Encontro Internacional promovido pelo Centro de Karaté da Maia. As prestações não foram tão boas o que não será de estranhar dada a inexperiência neste tipo de contactos.

João Alves fala com entusiasmo e com orgulho da sua escola de Ribeira de Pena. Confidencia que para o ano manterá a preparação de um grupo vocacionado para a competição, mas não irá descurar a angariação de novos praticantes. Para bem dos jovens de Ribeira de Pena.