Ribeirapenense condecorado com a Ordem do Infante
INFORMAÇÃO, com comentário pessoal
João Ferreira é Professor Jubilado de Filosofia da Faculdade Católica de Brasília e da Universidade Federal. Nasceu em Agunchos, em Ribeira de Pena, há 80 anos. O Presidente da República Portuguesa concedeu-lhe, por ocasião do 10 de Junho do ano passado, a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique. Impossibilitado de comparecer em Portugal, recebeu a 29 de Junho deste ano, das mão do Embaixador de Portugal no Brasil Dr. Francisco Seixas da Costa, as insígnias do grau que lhe foi concedido. (http://embaixadadobrasil.blogspot.com/)
A vida de João Ferreira já o fazia um ribeirapenense de eleição. A homenagem nacional que lhe foi agora prestada transforma-o numa referência, num exemplo e num orgulho para todos nós.
O nome de João Ferreira entrou na minha vida pelas mãos da D. Ermelinda Correia, a velha professora de Agunchos. Foi ela que me mostrou, entre a vergonha e o orgulho, uma carta que João Ferreira lhe escrevera, com a oferta de um livro publicado. Nas palavras ali escritas, na homenagem que era prestada à sua antiga professora das primeiras letras, vislumbrei uma alma simples, nobre e intelectualmente superior. Eu era então director do jornal Ecos da Ribeira e atrevi-me a pedir à D. Ermelinda para usar a informação transcrita no livro e na carta num artigo a publicar no jornal. A boa amiga aceitou de imediato, com a cuidadosa recomendação de que não a perdesse, pois era para ela um documento precioso. Fiz na altura um artigo em que revelei à Ribeira, pela primeira vez, a existência deste seu filho ilustre.
Passados alguns anos, uma amiga comum, a Celeste Pereira, deu-me conta do João Ferreira, com quem estabelecera contacto na Internet. Soube então da sua fase poética e da publicação de obras de poesia – afinal a poesia está sempre tão perto da filosofia… Soube da sua vinda próxima a Portugal, em férias. Combinámos encontrá-lo em Lisboa para nos conhecermos pessoalmente. Desse encontro surgiu a sugestão da vinda de João Ferreira a Ribeira de Pena e propus-lhe um circuito camiliano. Andámos os três entre Vilarinho da Samardã e Ribeira de Pena, lendo Camilo. Visitámos juntos o pe. Joaquim em Cerva e fomos a Agunchos ver a D. Ermelinda. Relembro a professora com o seu antigo aluno, sentados no sofá de mãos entrelaçadas e os olhos marejados de lágrimas. Este terá sido o momento mais intenso que partilhei com João Ferreira, mesmo que eu estivesse apagado num canto, em pura contemplação. Ali ouvi dizer a um homem reconhecido intelectualmente no mundo da Filosofia – eu sou aquilo que a senhora fez de mim em pequenino. Ali confirmei a grandeza da D. Ermelinda, que sempre hei-de respeitar e homenagear.
Ainda me ofereci para levar João Ferreira a Chaves, a visitar uma irmã. Ali o deixei, já vão anos. Não voltámos a rever-nos, mesmo que saiba que tem vindo a Portugal regularmente. Trocámos uma ou outra mensagem na net mas, depois, quase nos perdemos.
Mas as almas, quando se tocam, nunca se perdem. A curiosidade de João Ferreira pela sua terra conduziu-o ao “Ribeira de Pena Online”. E recebi os seus comentários amigos, alguns que evidenciei nas páginas deste Blog. Agora, modesto, mandou-me a notícia da sua Comenda, perguntando a medo se achava que devia ser publicado para conhecimento dos seus conterrâneos.
Não deve, João Ferreira, TEM que ser publicado. Para exemplo nosso, de que a vida pode ser conquistada a pulso, mesmo que o berço em que nascemos não seja de ouro. Para exemplo de que vale a pena lutar e manter aberto o coração ao longo da vida. Para exemplo de que o amor à terra, as raízes, são fundamentais para o sucesso.
Mesmo que Comendador, deixe-me cumprimentá-lo com amizade. Amizade envolta em reconhecimento do valor e do mérito que tão justamente lhe foi reconhecido pelo Estado português.
Curriculum de João Ferreira
Nasceu em Agunchos, em Ribeira de Pena, a 17 de Fevereiro de 1927.
Frequenta em Agunchos a Instrução Primária, sendo dos primeiros alunos da D. Ermelinda Correia. Faz exame da 4ª classe em Ribeira de Pena com a classificação de Distinto (como todos os alunos da professora Ermelinda!)
Continua os estudos no Colégio de Montariol, em Braga, entre 1938 e 1943. Cursa Filosofia em Braga e Teologia em Lisboa, no Seminário Franciscano. Adquire os graus de bacharelato, licenciatura e Doutoramento na Universidade Pontifícia Antoniana, em Roma.
Em Lisboa, foi professor do Instituto Superior de Línguas e Administração no ano lectivo de 1965-1966.
Chega a Brasília no dia 8 de Janeiro de 1968 e inicia docência na Universidade de Brasília em 10 de Março de 1968, leccionando até à aposentadoria em 1995. Durante 20 anos foi Professor Titular da Universidade (1976-1996), título correspondente ao título de catedrático das Universidades Portuguesas.
Leccionou ainda na Universidade Católica de Brasília (1997-2001) e no Centro Universitário de Brasília(1970-1975 e 2000-2005).
O Superior Tribunal do Trabalho do Brasil,com indicação do Conselho da Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho, conferiu-lhe em 11 de Agosto de 1998, o grau de comendador da Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho.
A sua bibliografia é extensa e de referência. Estudioso de Pedro Hispano, a ele se deve muito do que se sabe sobre o grande filósofo e único papa português.
A Literatura Portuguesa deve-lhe muito trabalho de divulgação no Brasil.
O seu curriculum é extensíssimo e impossível de publicar aqui. Mas ficará a constar do Fundo Local da futura Biblioteca Municipal. Para que conste e que a memória perdure.
João Ferreira é Professor Jubilado de Filosofia da Faculdade Católica de Brasília e da Universidade Federal. Nasceu em Agunchos, em Ribeira de Pena, há 80 anos. O Presidente da República Portuguesa concedeu-lhe, por ocasião do 10 de Junho do ano passado, a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique. Impossibilitado de comparecer em Portugal, recebeu a 29 de Junho deste ano, das mão do Embaixador de Portugal no Brasil Dr. Francisco Seixas da Costa, as insígnias do grau que lhe foi concedido. (http://embaixadadobrasil.blogspot.com/)
A vida de João Ferreira já o fazia um ribeirapenense de eleição. A homenagem nacional que lhe foi agora prestada transforma-o numa referência, num exemplo e num orgulho para todos nós.
O nome de João Ferreira entrou na minha vida pelas mãos da D. Ermelinda Correia, a velha professora de Agunchos. Foi ela que me mostrou, entre a vergonha e o orgulho, uma carta que João Ferreira lhe escrevera, com a oferta de um livro publicado. Nas palavras ali escritas, na homenagem que era prestada à sua antiga professora das primeiras letras, vislumbrei uma alma simples, nobre e intelectualmente superior. Eu era então director do jornal Ecos da Ribeira e atrevi-me a pedir à D. Ermelinda para usar a informação transcrita no livro e na carta num artigo a publicar no jornal. A boa amiga aceitou de imediato, com a cuidadosa recomendação de que não a perdesse, pois era para ela um documento precioso. Fiz na altura um artigo em que revelei à Ribeira, pela primeira vez, a existência deste seu filho ilustre.
Passados alguns anos, uma amiga comum, a Celeste Pereira, deu-me conta do João Ferreira, com quem estabelecera contacto na Internet. Soube então da sua fase poética e da publicação de obras de poesia – afinal a poesia está sempre tão perto da filosofia… Soube da sua vinda próxima a Portugal, em férias. Combinámos encontrá-lo em Lisboa para nos conhecermos pessoalmente. Desse encontro surgiu a sugestão da vinda de João Ferreira a Ribeira de Pena e propus-lhe um circuito camiliano. Andámos os três entre Vilarinho da Samardã e Ribeira de Pena, lendo Camilo. Visitámos juntos o pe. Joaquim em Cerva e fomos a Agunchos ver a D. Ermelinda. Relembro a professora com o seu antigo aluno, sentados no sofá de mãos entrelaçadas e os olhos marejados de lágrimas. Este terá sido o momento mais intenso que partilhei com João Ferreira, mesmo que eu estivesse apagado num canto, em pura contemplação. Ali ouvi dizer a um homem reconhecido intelectualmente no mundo da Filosofia – eu sou aquilo que a senhora fez de mim em pequenino. Ali confirmei a grandeza da D. Ermelinda, que sempre hei-de respeitar e homenagear.
Ainda me ofereci para levar João Ferreira a Chaves, a visitar uma irmã. Ali o deixei, já vão anos. Não voltámos a rever-nos, mesmo que saiba que tem vindo a Portugal regularmente. Trocámos uma ou outra mensagem na net mas, depois, quase nos perdemos.
Mas as almas, quando se tocam, nunca se perdem. A curiosidade de João Ferreira pela sua terra conduziu-o ao “Ribeira de Pena Online”. E recebi os seus comentários amigos, alguns que evidenciei nas páginas deste Blog. Agora, modesto, mandou-me a notícia da sua Comenda, perguntando a medo se achava que devia ser publicado para conhecimento dos seus conterrâneos.
Não deve, João Ferreira, TEM que ser publicado. Para exemplo nosso, de que a vida pode ser conquistada a pulso, mesmo que o berço em que nascemos não seja de ouro. Para exemplo de que vale a pena lutar e manter aberto o coração ao longo da vida. Para exemplo de que o amor à terra, as raízes, são fundamentais para o sucesso.
Mesmo que Comendador, deixe-me cumprimentá-lo com amizade. Amizade envolta em reconhecimento do valor e do mérito que tão justamente lhe foi reconhecido pelo Estado português.
Curriculum de João Ferreira
Nasceu em Agunchos, em Ribeira de Pena, a 17 de Fevereiro de 1927.
Frequenta em Agunchos a Instrução Primária, sendo dos primeiros alunos da D. Ermelinda Correia. Faz exame da 4ª classe em Ribeira de Pena com a classificação de Distinto (como todos os alunos da professora Ermelinda!)
Continua os estudos no Colégio de Montariol, em Braga, entre 1938 e 1943. Cursa Filosofia em Braga e Teologia em Lisboa, no Seminário Franciscano. Adquire os graus de bacharelato, licenciatura e Doutoramento na Universidade Pontifícia Antoniana, em Roma.
Em Lisboa, foi professor do Instituto Superior de Línguas e Administração no ano lectivo de 1965-1966.
Chega a Brasília no dia 8 de Janeiro de 1968 e inicia docência na Universidade de Brasília em 10 de Março de 1968, leccionando até à aposentadoria em 1995. Durante 20 anos foi Professor Titular da Universidade (1976-1996), título correspondente ao título de catedrático das Universidades Portuguesas.
Leccionou ainda na Universidade Católica de Brasília (1997-2001) e no Centro Universitário de Brasília(1970-1975 e 2000-2005).
O Superior Tribunal do Trabalho do Brasil,com indicação do Conselho da Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho, conferiu-lhe em 11 de Agosto de 1998, o grau de comendador da Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho.
A sua bibliografia é extensa e de referência. Estudioso de Pedro Hispano, a ele se deve muito do que se sabe sobre o grande filósofo e único papa português.
A Literatura Portuguesa deve-lhe muito trabalho de divulgação no Brasil.
O seu curriculum é extensíssimo e impossível de publicar aqui. Mas ficará a constar do Fundo Local da futura Biblioteca Municipal. Para que conste e que a memória perdure.
1 Comments:
Apesar de saber desde há muito desta condecondeção, É sempre com Grande Orgulho que vejo estes comentários...
João Ferreira é meu Tio-Avô.
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